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Jon Lajoie, marxismo e o cogniscível. By Mãozinha… com ‘Z’…

There are so many different kinds of trees                            There are so many different kinds of trees                            There is this kind of tree                                    And this kind of tree                                        There is also this kind of tree                                    Or this kind of tree.                                        (Jon Lajoie)*

 

Como posso eu não confundir uma árvore com um liquidificador?

O problema é velho, cognição. Platão gastou muitas (e sábias) palavras sobre o tema, mas parece que alguns espertalhões não leram; ou fizeram de conta que não leram; ou esqueceram; ou não entenderam.
Engalfinhei-me esses dias num debate com um colega marxista. Esse defendia não a primazia do real por sobre a idéia (como fazem alguns leitores de Platão cuja interpretação eu discordo), mas sim a existência somente do real. Inexistência ideal:
– Meu amigo marxista, como você faz para beber água? – perguntei.
– Simplesmente bebo água. Não bebo idéia de água.
– E como você sabe que está bebendo água, e não suco de beterraba com pepino?
Poderia gastar um monte de linhas para explicar que a existência ideal não é um plano extra-sensível e blábláblá e que a idéia é apenas aquilo que nos permite diferenciar um objeto de outros: a inteligibilidade. Quer saber mais? Leia Platão. Meu ponto aqui não é esse.

A questão é d’outra natureza. Meu amigo marxista (fazendo, aliás, uma baita injustiça a Marx que era um metafísico capaz de encher Platão de orgulho) entra numa terrível coincidência com o pensamento de pessoas de direita desvinculadas do hegelianismo: O de que todo entendimento está na intuição e que a lógica é absolutamente indispensável.

Odeio elogiar Kant. Mas agora é o caso. O tal Maneco quando escreveu sua tripartida crítica pretendia acabar com aquilo que eu gosto de chamar de PIRA DE COLA TRANSCENDENTAL, ou simplesmente a tentativa de conhecer o mundo negando completamente a intuição e valendo-se somente de elucubrações lógicas: monadologia. Kant restaurou o estatuto do conhecimento  da intuição. Mas o mesmo Kant NUNCA se desfez por completo da lógica. E com razão.
Se não somos tabulas razas no processo do conhecimento, também não as temos por completo. Logo, todo processo do conhecimento, por mais que seja um conhecimento na práxis (e o próprio Marx afirma isso) se dá num encontro entre intuição e lógica. NENHUM DELAS SENDO DISPENSÁVEL. Assim como temos que nos desvaler de uma lógica transcedental que precede da intuição, também não podemos aceitar uma INTUIÇÃO que pretenda nos fornecer um conhecimento do real desvalendo-se do ideal. Caso contrário teremos, ao invés de uma pira de cola, uma NÓIA DE PEDRA IMANENTE. Nós não queremos isso. Queremos?

*Problemas com a formatação; se virem para entender…

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