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Vitrola minha vitrola #4 por JR Tosco

Yeah man, como eu disse, estou de volta, e nada melhor do que voltar com um texto sobre música. Embora modesta perto da vasta coleção de discos que ainda pretendo comentar aqui, trago esta lista de discos para abrilhantar a vida do caro leitor, afinal, ainda há salvação no abominável mundo musical atual (por exemplo, vocês sabiam que o Luiz Caldas, aquele, Rei do Axé, gravou um disco de metal? Hehe, eu não sei se chóro ou dou risada!!! Soem as trombetas do apocalipse!!!).

Megadeth – Rust in Peace – Bem, já que até o Luiz Caldas se rendeu ao metaaaaaaallllllllllll, nada melhor que começar com uma dose fortissima de peso na orelha do bom ouvinte. Muito embora eu ache que Dave Mustaine e sua trupe dispensam apresentações, lá vai: formada pelo já citado Mustaine após sua saída (nada amigável, diga-se de passagem) do Metallica, a banda desfila em sua carreira 12 impressionantes, excelentes, técnicos e pesados discos de estúdio e juntamente com o também já citado Metallica, mais o Slayer e o Anthrax , formam o Big Four, uma espécie de santíssima trindade do Trash Metal. Resumindo, não há na face de todo o nosso bonito planeta azul nenhum fã de Trash (aqueles, classicamente chamados pelo resto da sociedade de “vagabundos, cabeludos maconheiros do inferno”) que não preste o devido respeito pela banda de Mustaine. Escolhi aqui o disco que ilustra bem o que pode ser definido como: música pesada de uma qualidade absurda. É simplesmente o maior clássico da banda, e com certeza um dos maiores clássicos do gênero. Tudo isso que eu estou escrevendo é meio óbvio para quem conhece e gosta do Megadeth. Mas, se você não conhece, se prepare antes de ouvir este disco:  as chances da sua cabeça explodir no processo são grandes. Abrindo os trabalhos temos a dobradinha “Holy wars…the punishment due” e “Hangar 18”. O que mais me impressiona nestas duas músicas é que em pouco mais de 11 minutos a banda consegue falar de dois temas clássicos do trash, guerras e extraterrestres, além de meter ótimos solos de guitarra com uma facilidade medonha, mudanças bruscas e geniais de andamento e ainda fazer com que isso seja só o começo. É de tirar o fôlego só de ouvir. Como se não bastasse, a coisa piora, a batata assa de vez mesmo, na terceira música: “Take no prisoners”. Chegou a hora de eu abrir um enorme parênteses para falar dele, o cara, o sem noção dos bateristas de trash, Nick Menza. Vou dizer pra vocês, se eu fosse um baterista e estivesse lá na Bay Area, em São Francisco, na época em que o Megadeth gravou este disco, eu teria ódio do Nick Menza. Ah, que que é isso? Imaginem vocês, os outros bateras dando um duro danado, tentando se superar a cada disco, a cada música, ai ouvem esse cara tocando. No mínimo é de conjecturar: “Droga, agora vou ter que reescrever tudo!!!” Sacanagem, né? Proxima música, “Five Magics”, seu ouvido já está sangrando? Não? Ótimo. Ainda temos “Poison was the cure”, o tratado sobre riffs de guitarra em forma de música chamado “Tornado of Souls” e para terminar, a destruição, o tratado sobre bateria em forma de música chamado “Rust in peace…Polaris”, com suas inacreditáveis mudanças de andamento. Então vai lá, ouve e depois me diz o que achou (se estiver vivo ainda).

Them crooked vultures – Them crooked vultures – Ele, sim, Dave Grohl novamente. E na batera. Maravilha. Este disco saiu ano passado, e é mais um dos muitos projetos paralelos do Sr. Grohl, mas desta vez com o rapaz tocando bateria (aliás, com a mesma excelência de sempre) e outras coisas mais. A banda, apesar de ser um powertrio, é, digamos, bombada. Josh Hommes assumiu os vocais e guitarras, até ai tudo certo, afinal os caras são brothers já de longa data. A grande surpresa do disco é o baixista: pasmem, Dave Grohl conseguiu colocar o lendário baixista do Led Zeppelin John Paul Jones novamente em uma banda. Isso foi demais. Como ele consegue essas coisas? Pois é, realmente não dá pra entender como ele conseguiu, mas é isso, o cara tá lá, fazendo show inclusive. Bom, mas vamos nos ater ao disco. Abrindo a bolacha, “No one loves me & neither do I”, maravilhoso começo, pois a música vai progressivamente aumentando sua intensidade até seu climax violento que marca o fim da faixa. Prestem atenção também no bridge e no refrão da segunda faixa, “Mind eraser, no chaser”, com destaque para os vocais auxiliares de Grohl. Sensacional. Uma levada atípica e insana abre a terceira faixa, “New fang”. Aliás, com essa levada muito bem marcada pelo mestre John Paul Jones, a banda consegue garantir que o ouvinte não fique parado. Outra levada muito boa, porém diferente, é a de “Dead end friends”. Eu vi um show deles no youtube há alguns dias atrás e é impressionante como essa música funciona bem ao vivo. Destaque ainda para a transtornada “Elephants”, a melhor música do disco, o blues da rále, “Scumbag blues”, além da baladinha “Bandoliers” e as estranhamente geniais “Caligulove” e “Gunman”.

Pearl Jam – Backspacer – Lembro bem dos meus ternos anos de juventude, bem juvenil mesmo, tipo 14, 15 anos, que até o mainstream dava pra salvar. Quer dizer, tocava Ozzy Osborne, Sepultura, Alice in Chains, Ugly Kid Joe e outras coisas boas no top 10 da MTV. Infelizmente, esse tempo já passou, hoje impera a suprema mediocridade e a falta total de bom gosto no mainstream. Porém, algumas relíquias destes bons tempos permanecem, como é o caso do Pearl Jam. A principal marca desta banda na minha modesta opinião é a honestidade. Ficar mais de 10 anos sem gravar clipe, processar a ticketmaster, lançar 72 discos ao vivo na mesma turnê só para afrontar a gravadora, são só alguns exemplos da sempre firme postura anti-comercial da banda. Honestas também são a maioria das composições da banda. Escolhi o disco lançado em 2009, Backspacer, para comentar, mas poderia muito bem ter escolhido qualquer um dos seus 9 discos de estúdio, afinal, honestidade musical é um sinônimo implícito de regularidade e criatividade trabalhando juntas. O disco abre com um dos lugares comum da banda, a roqueira “Gonna see my friend”, seguida de outra boa música, “Got some”. Ouça, e você vai entender. Honestas. Próxima, “The fixer”, o hit do disco, música divertida, bacana e bem tocada. Como o mundo seria um lugar bem melhor se todos os hits de sucesso das rádios fossem como essa música!!! Ouça e pense nisso!!! Ainda preciso destacar outro lugar comum, a especialidade da banda, as baladas. “Just breathe” é o exemplo típico e corriqueiro de mais uma bela e despretensiosa canção composta pela banda, portanto, eu aconselho imensamente que o leitor não deixe de ouvir os outros discos para entender melhor o que eu escrevo aqui. Ainda no promissor terreno das boas baladas do Pearl Jam, pra fechar com chave de ouro, temos “Unthought know”. Honestamente, é difícil encontrar tamanha honestidade em uma banda com tanto tempo de carreira honesta, imaculada e profícua.

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